quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Greves à sexta-feira

Lembrei-me deste tema ao ler um artigo de Lucy Kellaway no "Diário Económico" de 14 de Janeiro, intitulado "O seu slôgane para a produtividade: não faça nada, ponto final". A autora anunciava que havia recebido "um folheto de uma consultora que dizia que a actividade da maioria das empresas girava em torno da desordem", acrescentando que "a desorganização deve-se, acima de tudo, ao excesso de informação e de tecnologia". O que, por sua vez, "implica numerosas reuniões, partilha ou transferência de responsabilidades e duplicação de esforços". Sem ser especialista, parece-me serem estes aspectos facilmente compreensíveis à luz dos princípios da Termodinâmica que regulam, em particular, a transferência e a degradação da energia e da informação. Dessa forma, uma medida da desordem é minimizada nos processos quase estáticos e todos os processos em que intervém o atrito são geradores de desordem.
Digam lá se em Portugal, desde há muito tempo, não são conhecidos os princípios da termodinâmica...
Fazer pouco ou fazer que se faz minimiza a desordem e contribui para uma maior eficiência dos serviços. O orçamento de uma instituição pública que atribui noventa por cento a gastos com o pessoal e os restantes dez por cento a outros gastos, desde o papel higiénico aos computadores é, afinal, coerente e entendível. Assim, a falta de papel desincentiva a utilização dos lavabos e o impedimento de revoluções na informática inviabiliza o acesso às auto-estradas da informação que, nos nossos serviços públicos, não passam de caminhos de cabras.
A lição a retirar é esta: "Não fazer nada para melhor fazer". Mas o que terá este texto a ver com o título? Pois bem, há quem defenda que as greves deveriam ser marcadas para as quintas-feiras, mas somente após o Governo dar garantia de haver tolerância de ponto no dia seguinte...

terça-feira, fevereiro 03, 2004

Ambiente

Há uns anos atrás, esforçaram-se em convencer-nos a separar o lixo. Desde os bancos da escola, onde esperavam que os mais miúdos passassem palavra em casa aos mais velhos, pedia-se que os portugueses tivessem consciência que podiam ter uma melhor qualidade de vida. Tudo dependia do seu comportamento. Distribuiram-se contentores azuis, brancos, amarelos e verdes que receberiam jornais, vidros, plásticos, pilhas e o restante lixo diário. Em casa, os mais conscienciosos atravancavam a cozinha com vários sacos de plástico de cores distintas onde faziam a recolha. Passados estes anos, confirma-se aquilo de que se suspeitou desde o início: 90 por cento dos resíduos sólidos urbanos continuam a ser encaminhados para aterros ou para queima. Quer dizer, o que é separado por nós acaba por ser queimado e destruído junto. Melhor ambiente e melhor qualidade de vida? Alguém continua a fazer de nós parvos...