quarta-feira, agosto 25, 2004

Reflexões

Recebi recentemente um e-mail de um tal senhor George Carlin que gostaria de partilhar com os meus leitores.
“O paradoxo do nosso tempo reside no facto de termos edifícios mais altos mas menor capacidade de pensar, vias rápidas mais largas mas uma visão da vida mais curta. Nós gastamos mais mas possuímos menos, compramos mais mas apreciamos menos. Temos casas maiores mas famílias mais pequenas, mais recursos mas menos tempo. Temos maiores níveis de escolaridade mas menor senso, maiores conhecimentos mas menor discernimento, mais especialistas mas mais problemas, mais progressos na medicina mas menos saúde. Bebemos muito, fumamos muito, rimos pouco, conduzimos muito depressa, zangamo-nos muito, ficamos a pé até muito tarde, levantamo-nos muito cansados, lemos muito pouco, vemos muita televisão e rezamos demasiado pouco.
Multiplicamos as nossas posses mas reduzimos os nossos valores. Falamos muito, amamos muito pouco e odiamos muito frequentemente. Aprendemos a sobreviver mas não a viver. Acrescentamos mais anos à vida mas não mais vida aos anos.
Fomos capazes de ir até à Lua e mais longe mas temos problemas em atravessar a rua para conhecer um novo vizinho. Conquistámos o espaço mas não ganhamos o nosso espaço.
Fizemos coisas maiores mas não melhores. Tentamos purificar o ar mas poluímos os países do Sul. Conseguimos ultrapassar a barreira atómica mas não a dos nossos preconceitos.
Escrevemos mais mas aprendemos menos. Planeamos mais mas realizamos menos. Aprendemos a apressar mas não a esperar. Construímos mais computadores para guardar mais informação, para produzir mais cópias que nunca mas comunicamos cada vez menos. Este é o tempo do fast food e das digestões lentas, dos grandes homens e dos pequenos caracteres, dos lucros fáceis e das amizades interesseiras. Estes são os dias dos dois salários mas de mais divórcios, casas mais bonitas mas lares desfeitos. Este é o tempo das viagens rápidas, das fraldas descartáveis, de menosprezar a moralidade, do passar uma noite, dos corpos obesos, dos comprimidos que melhoram o humor, que acalmam, que matam… É um tempo em que há mais na montra que em stock.”
Quando as férias estão no fim, usemos algum do nosso tempo para repensarmos a nossa existência e lembremo-nos que cada dia que nasce é uma nova oportunidade para melhorarmos mais um pouco.