segunda-feira, janeiro 12, 2004

Amor, Amor

"Quando o amor morrer
dentro de ti,
Caminha para o alto
onde haja espaço,
E com o silêncio
outrora pressentido
Molda em duas colunas
os teus braços.
Relembra a confusão
dos pensamentos,
E neles ateia o fogo adormecido
Que uma vez, sonhos de amor,
teu peito ferido
Espalhou generoso
aos quatro ventos.
Aos que passarem
dá-lhes o abrigo
E o nocturno calor que se debruça
Sobre as faces brilhantes
de soluços.
E se ninguém vier, ergue o sudário
Que mil saudosas
lágrimas velaram;
Desfralda na tua alma
o inventário
Do templo onde a vida
ora de bruços
A Deus e aos sonhos que gelaram."

Ruy Cinatti, in Poemas de Amor

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